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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Cadeira de Rodas Controlada por Voz

Olá!
Demorei, mas aqui está meu primeiro post. E para inaugurar este espaço, vou fazê-lo de forma nostálgica, relembrando meus tempos de estudante do curso técnico de eletrônica, na então chamada Escola Técnica Federal de Santa Catarina.
Posso dizer que fui privilegiado, pois frequentei o curso de eletrônica no que considero sua melhor fase.  Num período onde saímos do curso técnico muito bem preparados para o mercado de trabalho, com uma formação ampla. Saímos da escola com a capacidade de resolver problemas em áreas como automação, eletrônica de potência e sistemas digitais, utilizando para esta resolução os sólidos conhecimentos que adquiríamos. Saímos da escola projetando sistemas e fazendo manutenções complexas. Entretanto, alguns governantes chegaram a conclusão de que aquele modelo não era adequado, e transformaram o curso técnico em eletrônica num cursinho, desculpem a palavra, medíocre. O tempo que uma empresa gasta para capacitar um técnico recém formado, certamente é muito maior que gastavam em outrora.
Mas, vamos ao que interessa. Vou contar-lhes um pouquinho da história do projeto final de curso da minha turma. Nossa turma, os formandos de 1997/2, tivemos de enfrentar sete semestres para, enfim, chegarmos a tão sonhada oitava fase. Nesse modelo de curriculum do curso técnico em eletrônica, minha turma foi a que formou mais técnicos, éramos quatorze. Quatorze jovens que chegaram, com méritos, a reta final do curso e, com mais méritos ainda, concluíram-no.

Para nos formarmos, tivemos de elaborar e executar um projeto sugerido por nossos professores das disciplinas de Projetos, Professor Joel Lacerda, e o professor da disciplina de microprocessadores, Professor Francisco Edson Nogueira de Melo. Também contamos com a ajuda dos Professores Marco Valério Miorim Villaça e Valdir Noll.
O projeto sugerido pelos professores supracitados, foi uma Cadeira de Rodas Controlada por Voz. Para a elaboração e execução do projeto, os quatorze alunos foram divididos em três equipes, as quais ficaram responsáveis pelas seguintes partes do projeto: Controle e interpretação de dados, controle a acionamento dos motores e fonte chaveada para a alimentação do sistema e carga das baterias.
Minha equipe ficou responsável pela parte de controle e interpretação de dados. O início do projeto foi difícil, pois não sabíamos por onde começar. A sugestão do professor Edson (não sei o porquê, mas ninguém o chamava de Francisco) era utilizarmos o sistema operacional OS/2 Warp®  4.0, da IBM. Este sistema operacional possuía um aplicativo que fazia o reconhecimento de voz. Contudo, deparamo-nos com um problema, o sistema só aceitava comandos em inglês e tinha problemas para reconhecer alguns timbres de voz. O tempo passava muito rápido e não conseguíamos perceber como iríamos utilizar aquele sistema. Enquanto minha equipe não conseguia iniciar os trabalhos, os outros dois grupos começaram a realizar o projeto de suas partes.
As dificuldades para a utilização do OS/2 estavam nos preocupando. Então, o colega Tiago Turmina sugeriu a utilização de um programa para Windows, o Voice Assist. Neste programa, poderíamos gravar os comandos que desejávamos, ele faria a interpretação e devolveria, via porta serial, códigos correspondentes às palavras por ele interpretadas. Depois desse avanço, iniciamos a construção de uma placa que iria receber estes dados, analisa-los e enviar informação para a placa de acionamento dos motores. Também verificamos a necessidade de construirmos um controle manual, para caso de problemas no sistema de voz. Para esse controle manual utilizamos um joystick, ligado à placa de controle que estávamos projetando. Além do controle manual, percebemos que necessitaríamos de um display para exibir os comandos que estavam sendo enviados pelo programa Voice Assist. Nossa placa de controle possuía como componente principal um micro controlador da família 8051.
Foram vários dias de empenho, tendo de frequentar os laboratórios da escola nos períodos extra, como vespertino e noturno, para começarmos a ter alguns resultados concretos.
Nosso prazo era o mês de novembro, não recordo o dia, afinal, já se passaram quase quatorze anos. Nesse mês aconteceria a Terceira Mostra do Potencial, uma feira científica realizada pela instituição e nossos professores queriam a cadeira participando da feira.
Enfim, já próximo do final do prazo, ou seja, o início da feira, realizamos a junção das partes constituintes do projeto e o que se verificou nesta etapa do projeto é que nossa placa de controle apresentava problemas na interpretação dos dados. Além disso, a placa de acionamento dos motores também apresentava problemas. Para resolver estes problemas o empenho foi muito grande e chegamos a ficar mais de 24 horas na instituição e, no dia de início da feira, o computador e as placas de controle estavam instaladas em uma cadeira de rodas adquirida pela instituição para o projeto. Claro, e o mais importante, funcionando, com alguns probleminhas, mas já bastava para as pessoas que visitavam a feira perceberem a ideia do projeto e verificarem que ele era possível. Detalhe, perdemos a abertura da feira, mas participamos do restante.
Foi um dos dias mais felizes da minha vida, perceber o espanto das pessoas vendo uma cadeira de roda sendo controlada pela voz e eu ser um dos criadores daquele invento, era o êxtase. Ainda mais para um jovem de 19 anos, oriundo de uma família humilde, que sempre estudou um colégios públicos, era muito satisfatório.
Essa história tem muitos detalhes e deixariam este texto enfadonho, por isso, acredito o que já expus seja suficiente. Claro, quem desejar mais detalhes, pode entrar em contato comigo pelo e-mail: silveira-fabio@hotmail.com.
Além dessa experiência incrível, este projeto proporcionou-me várias viagens a feiras científicas para a apresentação do mesmo ao público.
Mas a ideia do projeto era muito interessante e o professor Edson aperfeiçoou o invento, fazendo outras versões da Cadeira, versões estas que também foram apresentadas por mim em diversas feiras.

Acredito que para um primeiro post, está bom.
Um grande abraço.